@MASTERSTHESIS{ 2020:913777001, title = {Comunidade biótica em rios intermitentes: como as assembleias se estruturam nas fases aquáticas do ciclo hidrológico de intermitência?}, year = {2020}, url = "http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3923", abstract = "Os rios intermitentes são sistemas dinâmicos que apresentam três fases distintas ao longo de seu ciclo hidrológico: lótico (corrente), lêntico (secagem do fluxo de água e formação de poças isoladas) e seca total. Apesar da dinâmica única destes sistemas, apenas nos últimos anos os rios intermitentes têm se tornado enfoque de estudos ecológicos que objetivam investigar sua diversidade e dinâmica. Esse interesse tem sido incentivado pela previsão de que esses sistemas têm expandido sua área de cobertura ao redor do mundo em função das mudanças climáticas e usos extensivos. Além disso, é necessário conhecer a dinâmica destes rios para a gestão eficaz e inclusão em programas de biomonitoramento e recuperação. Ao longo do ciclo natural de intermitência, a secagem do fluxo de água e a consequente formação de poças isoladas é uma perturbação natural experimentada periodicamente pela comunidade biótica destes sistemas. Assim, comunidades resilientes devem se reorganizar em uma estrutura alternativa, após a secagem do fluxo de água e formação de poças isoladas, resultante dos efeitos da perturbação nas diferentes espécies que compõem uma comunidade. Além disso, as poças persistentes poderiam servir de refúgio durante o período seco, o que é fundamental para a manutenção da comunidade biótica nestes sistemas. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi responder a seguinte pergunta: Como a comunidade biótica é estruturada entre as fases aquáticas do ciclo hidrológico intermitente? A hipótese considerada foi a de que a formação de um mosaico de manchas terrestres e aquáticas no leito dos rios altera as estruturas das assembleias de peixes e macroinvertebrados diferentemente. Este estudo foi realizado em cinco riachos pertencentes a bacia do Acaraú, localizada no Ceará, Nordeste do Brasil. Os riachos selecionados foram amostrados nas fases corrente e de poças do ciclo hidrológico intermitente em 2019. Na fase corrente, os riachos foram divididos em dez seções, onde foram dispostos transectos no início e no centro de cada seção. Em cinco pontos equidistantes de cada transecto, foram mensuradas as variáveis físico químicas e profundidade. Na fase de poças, por sua vez, foram dispostos cinco transectos em cada poça, onde foi seguido o mesmo protocolo da fase corrente. Em cada seção, da fase corrente, e em cada poça, foram estimadas as porcentagens de sombreamento, abrigo, macrófitas e velocidade do fluxo. Os peixes foram coletados através de dez arrastos e 20 peneiradas por riacho na fase corrente, enquanto que para macroinvertebrados, foram coletadas 10 amostras compostas (cada amostra composta por 3 subamostras em micro-habitats diferentes) em cada riacho. A quantidade de poças por trecho e a amostragem das assembleias variou conforme a disponibilidade e tamanho das poças. A composição da assembleia de peixes não diferiu entre as fases do ciclo hidrológico, as espécies Astyanax fasciatus, Serrapinnus heterodon e Phenacogaster calverti foram as espécies dominantes na fase corrente, enquanto que na fase de poças, as espécies dominantes foram Hemigrammus rodwayi, Poecilia reticulata e Astyanax fasciatus. No entanto, nenhuma das 25 espécies de peixes foi considerada indicadora de alguma das fases aquáticas do ciclo hidrológico. Assim, essa assembleia se mostrou resistente às perturbações do ciclo. A assembleia de macroinvertebrados, por sua vez, apresentou composições distintas entre as fases do ciclo hidrológico, além disso, os táxons dominantes também diferiram entre as fases. Chironomidae, táxon dominante na fase corrente e Chaoboridae, dominante nas poças, pertencem a ordem de insetos aquáticos Diptera, caracterizada por apresentar fase aquática larval e adultos aéreos. As famílias Baetidae, Belostomatidae, Dytiscidae e Libellulidae foram consideradas táxons indicadores da fase de poças. O ProTest associado a análise de PROCRUSTES mostrou que não houve concordância significativa entre as assembleias nas fases corrente e de poças. A estrutura do habitat diferiu entre as fases aquáticas do ciclo hidrológico. A fase corrente apresentou maior heterogeneidade ambiental que a fase de poças. Na fase corrente,11 espécies de peixes e 13 táxons de macroinvertebrados estiveram correlacionados significativamente a 13 e oito variáveis ambientais, respectivamente. O substrato lama foi a variável mais importante, estando correlacionada significativamente a três espécies de peixes e seis táxons de macroinvertebrados. Na fase de poças, seis espécies de peixes e 19 táxons de macroinvertebrados estiveram significativamente correlacionados a seis e 10 variáveis ambientais, respectivamente. As variáveis mais importantes para a assembleia de peixes foram profundidade, presença de troncos, raízes ou árvores vivas no leito do riacho e a taxa de oxigênio dissolvido. Para macroinvertebrados, os substratos areia, lama e pedra grande apresentaram maior relevância. A presença de refúgios aquáticos (poças) possibilitou a permanência de espécies de peixes, assembleia mais intimamente ligada a presença de água. Contudo, a dominância de insetos aquáticos e a diferenciação na composição da assembleia de macroinvertebrados entre as fases do ciclo hidrológico mostram que além da presença de refúgios, a dispersão é um mecanismo fundamental de resiliência em sistemas dinâmicos como os rios intermitentes.", publisher = {Universidade Estadual da Paraíba}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação - PPGEC}, note = {Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGP} }