@PHDTHESIS{ 2024:2117077006, title = {Hospício, prisão e os foras da literatura: a escrita de confinamento na literatura brasileira do Século XX}, year = {2024}, url = "http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/5029", abstract = "O presente trabalho teve por objetivo discutir “o fora” a partir de narrativas produzidas em ou sobre espaços marcadamente criados para o confinamento: hospícios, prisões. A escrita de confinamento, além de trazer a experiência dos sujeitos em estágios de submissão aos espaços fechados, representa também uma linguagem errante, móvel, nômade. Ou seja, a literatura que se coloca sempre como um fora não só dos espaços de produção, mas fora de si mesma. Fora, nas palavras de Blanchot (2001, 2011a, 2011b, 2018), como um espaço independente, que não busca representar o mundo, mas é um outro mundo. Um mundo de singularidades contidas na escrita de confinamento. Assim, o fora não é o lugar para onde se projeta uma fuga, mas é como uma condição da própria literatura. O fora é um outro mundo, criado pela literatura. Esta literatura que, nas palavras de Barthes, “permite ouvir a língua fora do poder” (BARTHES, 2010, p. 16). Na condição de um confinado, o fora não é um espaço marcado na literatura, mas a condição de que a literatura se torna o mundo dos possíveis. Defende-se a tese de que os livros em análise funcionam como o fora da literatura nos espaços de controle. A literatura, ao narrar a experiência do confinamento, rompe com as barreiras impostas pelo poder. Os escritores, ao narrarem suas experiências através da literatura de confinamento, produzem singularidades. A narrativa, em tais espaços de controle, aponta para o fora que é a própria literatura. Metodologicamente, foram selecionadas como corpus de leitura que sustenta a tese levantada cinco obras de autores que tiveram suas produções ligadas ao confinamento. Partiremos das produções literárias da prisão e a relação que tais produções têm quando se trata do fora da literatura. Para isso, partimos da literatura de prisão em Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, num intrínseco diálogo com a obra Memórias de um sobrevivente, de Luiz Alberto Mendes, que tem como espaço de criação a cadeia. Os confinados, ao produzirem literatura, instituem uma nova condição da linguagem literária: o fora da literatura. Dando sequência ao nosso corpus da pesquisa, trouxemos da escrita de hospício com as obras de Lima Barreto, com seu Diário do hospício; Maura Lopes Cançado, com seu livro Hospício é Deus; e Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, da escritora Stela do Patrocínio, numa perspectiva de que a análise possa contribuir com a crítica literária das produções em tais espaços. Discutiremos a questão do fora da literatura a partir da escrita em espaços de silenciamento que, ao se dizer, potencializa a própria vida (DELEUZE, 2003). Os livros em estudo foram analisados a partir da perspectiva de que a literatura é uma linguagem errante. Uma linguagem criadora de outros mundos. Uma linguagem fora de si mesma. O conceito de fora foi discutido à luz de autores como Blanchot (2001, 2011a, 2011b, 2018), Deleuze (2019), Foucault (2015) e Levy (2011); e, ao ser aplicado à literatura de confinamento, se constitui aquilo que denominamos como fora da literatura. Nossa tese busca entender de como esse fora se desenvolve em espaço de aprisionamento. Como discussão crítica, entende-se que a literatura é o próprio fora. Com o objetivo de evidenciar o fora da literatura nas obras em estudos, partimos do conceito de que a experiência literária não só constrói o fora, ela é o próprio fora (LEVY, 2011). Penso, por fim, na esteira de Blanchot, discutir o fora absoluto, ou seja, discutir a literatura de confinamento como uma possibilidade, a partir da própria condição da literatura, de alcançar o fora que a linguagem literária suporta em si mesma. Nesse sentido, a linguagem literária, ao se afirmar transgressora, tende a ser um fora mais absoluto quando produzida em espaços de controle, ou seja, espaços de confinamento para os sujeitos estranhos às “normalidades” – o louco, o preso. Palavras-chaves: literatura; hospício; prisão; loucura; fora.", publisher = {Universidade Estadual da Paraíba}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI}, note = {Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGP} }