@MASTERSTHESIS{ 2020:1948408478, title = {Posicionamentos identitários construídos por profissionais de um CAPS AD sobre mulheres que consomem drogas: um estudo de gênero}, year = {2020}, url = "http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3961", abstract = "As mulheres constituem parte da população que faz uso nocivo de drogas e são usuárias da Rede de Atenção Psicossocial, o que torna primordial a realização de estudos voltados para o cuidado ofertado a elas nesses serviços. Por este motivo, o CAPS AD foi o local escolhido para realização de nossa pesquisa, visto que é considerado um dispositivo estratégico para a Política Nacional de Saúde Mental. Neste trabalho, analisamos como os profissionais do CAPS AD II de Campina Grande/PB posicionam as mulheres que consomem álcool e outras drogas. Para tal, nos propusemos a analisar as produções de sentido construídas por esses profissionais acerca do que é ser mulher; analisar os repertórios utilizados por eles, atentando para as permanências e as rupturas nos posicionamentos identitários relacionados ao discurso hegemônico de gênero; investigar se há diferenciação no cuidado oferecido a homens e mulheres; e identificar as especificidades referentes à questão de gênero no que se refere à entrada e à permanência das usuárias no CAPS AD. Esta dissertação fundamentou-se teórico-metodologicamente na proposta de estudo da produção de sentidos a partir da análise das práticas discursivas, desenvolvida por Mary Jane Spink e, como sugerido pelo referencial teórico adotado, utilizou os mapas dialógicos como instrumento de análise. No que diz respeito à perspectiva dos estudos de gênero, recorremos, sobretudo, às contribuições do feminismo pós-moderno. Sob o ponto de vista metodológico, optamos por uma pesquisa qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadas e que das quais participaram sete profissionais lotados no CAPS AD. A maioria dos posicionamentos identitários construídos pelos profissionais do CAPS AD sobre mulheres que consomem álcool e outras drogas indicou permanências no discurso hegemônico de gênero. Os sentidos produzidos para “o que é ser mulher” giraram em torno da variedade de demandas delegadas às mulheres, especialmente dentro da rotina familiar. Em algumas narrativas isso foi apresentado como um fator positivo, associado à “força”, mas em outras foi considerado negativo, pois gera sobrecarga e sofrimento. O corpo, bem como a naturalização de algumas características, foi utilizado como descritor para o que é ser mulher. Com relação ao uso problemático de substâncias psicoativas, foi pontuado que a vida doméstica restringe seu uso, pois dificulta o acesso das mulheres à vida pública, contudo, também foi citado que é justamente nesse ambiente e nos sofrimentos que ali se originam que elas iniciam o consumo problemático. As mulheres foram posicionadas ainda como pessoas que, quando comparadas aos homens, detém um histórico mais intenso de sofrimentos, relacionados a abusos sexuais, desrespeitos e preconceitos, no entanto, há uma deslegitimação de suas dores, uma vez que o sofrimento das mulheres é comumente considerado “fricote”. Aquelas que consomem álcool foram posicionadas como “mais resistentes ao tratamento”, usuárias “silenciosas”, que sentem “vergonha” e que se dirigem ao CAPS AD somente quando seu uso torna-se visível e/ou incomoda a família. As mulheres que fazem uso de substâncias ilícitas foram posicionadas como “mais deterioradas”, “mais marginalizadas” e que geralmente chegam ao serviço via encaminhamento da justiça. Quanto ao acesso e permanência no CAPS AD, as narrativas sugerem a existência de especificidades de gênero que dificultam o acesso das mulheres. A carência de uma rede de apoio, questões financeiras e demandas de cuidado com os filhos, com a casa e o esposo fazem com que as mulheres tenham “menos tempo” para se dedicar ao cuidado de si. Embora praticamente todos os participantes relatem a inexistência de diferenciação de atendimento, um participante afirmou haver um grupo específico para mulheres e, além disso, outras narrativas destacam que há atividades que elas “gostam mais” como artesanato e dia da beleza. Nos grupos mistos as mulheres são posicionadas como “acuadas”, pois estão à mercê dos comentários preconceituosos dos homens. Todos esses aspectos destacaram uma lacuna existente na política de cuidado às pessoas que fazem uso problemático de drogas e, consequentemente, nas estratégias de cuidado, uma vez que as especificidades de gênero não são consideradas no atendimento oferecido, o que dificulta o acesso e a permanência das mulheres no CAPS AD.", publisher = {Universidade Estadual da Paraíba}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - PPGPS}, note = {Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGP} }