@PHDTHESIS{ 2020:106455623, title = {Hermenêutica do sagrado nas poéticas do traste e do menos, de Manoel de Barros e João Cabral de Melo Neto}, year = {2020}, url = "http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3663", abstract = "A grande questão que nos desafia é compreender possibilidades de interpretação num duplo movimento de conjunção de uma teopoética do traste e do menos, a partir da premissa central de que o menos linguístico, evidenciado por um viés metalinguístico em ambas poéticas é, ao mesmo tempo, um menos existencial que se desdobra a uma concepção do sagrado alocado numa instância do menos e do traste, reconfigurando a concepção teológica do sagrado como maior e sublime. Elegemos como objeto de análise as obras: Poesia Completa e Prosa, de João Cabral de Melo Neto, publicada pela editora Nova Aguilar no ano de 2008 e, Poesia Completa, de Manoel de Barros, publicada pela editora Leya no ano de 2010. A escolha desses textos se deu em razão do nosso intento em traçar um panorama completo de toda poesia cabralina e manoelina no que tange à formulação de uma teopoética do traste e do menos, desde os primeiros escritos até o final de suas produções. No entanto, os poemas foram selecionados por critérios de presença patente de inter e hipertextos e/ou interdiscursos teológicos e metalinguísticos, ou seja, poemas que apresentem uma reflexão sobre o fazer poético e sobre o sagrado. Vislumbrou-se a convergência de duas poesias que encontram no exercício metalinguístico e crítico, que reflete a própria poesia através de uma contracorrente que se opõe ao que o próprio João Cabral de Melo Neto chamou no subtítulo de sua Antiode, a poesia dita profunda. Mas esta antilira não se esgota no exercício da metalinguagem, ela desemboca na problemática da relação do homem com o sagrado que, assim como a poesia, sempre esteve atrelado ao sublime e às coisas elevadas. Nesse sentido, ao passo que problematizam o paradigma da poesia, os autores questionam o lugar do sagrado e o situa no coração das coisas abjetas. Portanto, defendemos a tese de que as poéticas de Manoel de Barros e João Cabral de Melo Neto deixam entrever, no quadro da poesia moderna brasileira, singulares teopoéticas que se configuram por meio de estratégias linguístico-discursivas, constituídas de figuras e temas relativos a ideias e valores negativos, pejorativos, ordinários, para se referirem à poesia e ao sagrado, a saber: o menos e o traste. Noutras palavras, as poéticas destes dois autores não só operam uma profanação, na esteira do conceito de Agamben (2007), referindo-se aos conteúdos e formas da poesia, mas também rompem com o paradigma teológico de que o sagrado é sempre o sublime, o digno, a suprema positividade Neste sentido, temos como objetivo geral: compreender sentidos do sagrado nas poéticas do traste e do menos, de Manoel de Barros e João Cabral de Melo Neto. Desdobrando este objetivo geral, nos propusemos a estabelecer especificamente as seguintes questões: 1. Identificar estratos teológicos textuais e discursivos contendo figuras e temas referentes ao sagrado relacionados ao menos e ao traste; 2. Apresentar a poesia que cada autor funda, através de um exercício metalinguístico, um novo conceito de poesia no quadro da literatura brasileira; 3. Traçar um quadro do contexto teológico nos quais as poéticas dos autores foram produzidas; 4. Analisar possíveis sentidos nas relações interdiscursivas entre as poéticas dos autores em estudo, em diálogo com as teologias da Libertação; 5. Discutir identidades e diferenças nas relações interdiscursivas estabelecidas entre as poéticas do traste e do menos; 6. Interpretar as poéticas dos autores numa perspectiva de uma teologia do traste e do menos. Diante disso, fez-se necessário a construção de um aporte teórico que nos subsidiasse em dois planos: um crítico-poético, e outro teológico-filosófico. Na crítica da poesia, as considerações de Friedrich (1978) e Paz (2012) e (2013) sobre a poesia moderna foram fundamentais para a reflexão acerca da crítica sobre si mesma e o exercício de metalinguagem que a poesia Manoel de Barros e João Cabral de Melo Neto estabelecem. No esteio da teologia, quando pensamos em uma poesia que compreende o fenômeno do sagrado a partir do que é mínimo e menor, as Teologias da Libertação nos soam como interlocutoras, não só históricas, por estarem situadas no mesmo período de produção das obras poéticas em questão; mas também teológicas por tecerem um dizer sobre o sagrado a partir da voz silenciada dos oprimidos. Tomamos, então, as reflexões de Guiérrez (2000) e Boff (1981) e (2012) para dialogar com as imagens marginais do sagrado que irrompe na poesia Cabralina e Manoelina. Nesse sentido, a originalidade deste estudo reside na proposta de se estudar estes dois autores juntos, argumentando-se que ambos constituíram no interior de suas obras uma poesia que conjugou o fenômeno do sagrado com o poético, na tentativa de vislumbrar a poesia e o sagrado a partir do menos e do traste.", publisher = {Universidade Estadual da Paraíba}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI}, note = {Centro de Educação - CEDUC} }